quarta-feira, 19 de agosto de 2015

...E VEM AÍ MAIS UM BIG BROTHER

Trajano Jardim*
A luta que os trabalhadores na educação do Brasil para serem valorizados e reconhecidos como necessidade social e de relevância para a construção de uma nação diferente, justa e desenvolvida, tem sido constante. Principalmente no ensino privado, onde não há nenhum instrumento de regulamentação do setor, hoje dominado pelos Fundos de Investimentos internacionais..

Todos os políticos, de todos os matizes, se perguntados, respondem que a educação é prioridade nos seus programas eleitorais. Mesmo para os que se opuseram ao mísero “piso salarial” e entraram com Ação de Inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal Federal para não cumprir a determinação legal. Determinação exigida apenas para o setor público.

De todas as profissões que exigem a graduação superior, o professor recebe três a quatro vezes menos que o salário inicial da maioria. Não estamos falando nem querendo comparar com o judiciário. Isso já seria covardia. Não apenas em relação a salários, mas, também, pelas benesses auferidas por essa privilegiada categoria.

E não se trata aqui de querer menosprezar qualquer outra profissão, ou como diz o dito popular “puxar brasa para a nossa sardinha”. Trata-se apenas de isonomia para o mesmo grau de formação. Aos professores é exigida graduação, pós-graduação, doutorado, pós-doutorado, formação continuada e o escambau para exercer suas atividades. A um juiz, procurador, delegado ou outra função afim, é exigido somente a simples graduação e o concurso.

Se mudarmos o foco da discussão para as condições de trabalho, a comparação continuará no campo da disparidade. Basta olharmos as condições das escolas públicas desse nosso brasilzão. A maioria sem o mínimo de meios para que se possa realizar um ensino de qualidade e atrativo para manter o aluno na escola. E no setor privado a situação é muito mais grave. O professor é obrigado a enfrentar salas com excesso alunos, quase sempre em condições precárias de trabalho e com salários inacreditáveis.

Na última edição do BBB vimos nas mídias informativas, de todos os conteúdos, a discussão sobre um possível estupro em rede nacional no programa dos “heróis” do Pedro Bial. (Quem diria. O que o dinheiro não faz?). Incrível a repercussão que deram ao assunto. É a prova cabal do baixo nível cultural de grande parcela da nossa população.  Por isso, não causa espanto as manifestações de rua, se atentarmos para as declarações dos entrevistados.

Dezenas de teses foram desenvolvidas sobre o assunto. Desde teorias “sociológicas de gênero”, passando pela “teoria do preconceito”, desembocando até em “análises psicanalíticas” pseudo freudianas, que tentam explicar as relações de sexo explícito ao vivo em horário nobre e em cores, no “Motel Globo/BBB”.  

Estranhamente pessoas que se dizem politizadas e intelectualizadas entraram nessa discussão pueril e sem qualquer conteúdo. Além dos poderes públicos representados pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, todos contribuindo,  como diria o saudoso Stanislaw Ponte Preta, com o “festival de besteira que assola o País”.

Se o Brasil fosse um país sério, que quisesse ascender como potência mundial, já teria proibido a baixaria que tomou conta da programação das emissoras de televisão e de outras mídias alhures. Afinal o setor de comunicação, por determinação da CF do Brasil, é concessão do governo. Isto é, bem público que deve ser gerido e fiscalizado pela sociedade.

Para isso, o governo deveria instituir o Conselho de Comunicação Social, que as grandes empresas monopolistas do setor teimam em chamar de tentativa de “limitar a liberdade de expressão”. Como se liberdade de expressão fosse de caráter absoluto, sem qualquer parâmetro ético, social ou moral.

Durante a 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), na apresentação dos relatórios por país, da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da organização, realizada em São Paulo no mês de agosto de 2012, ficou explícito no informe brasileiro apresentado pela superintendente da Folha da S.Paulo e ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, a posição dos barões da mídia brasileiros, que se manifestaram contra qualquer tipo de controle social para o setor.

Enquanto isso, apesar do esforço da campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania", lançada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, programas medíocres, que atentam contra o direito de expressão da sociedade e que é ignorado pelos meios de comunicação, continuam sendo exibidos sem problemas.  
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Já pensaram se no horário do BBB fosse apresentado o “Telecurso”, que é levado ao ar de madrugada, quando o trabalhador, que concentra a maior parcela que precisa estudar, está saindo de casa para o batente? “Há! Impossível”! Diriam os magnatas da comunicação.  “Não haveria patrocinadores. Não dá Ibope”.

Todavia, esses programas sobrevivem das empresas públicas que patrocinam o setor.  Só a Petrobras, com a agência contratada ArtPlan, tem um orçamento de mais de quinhentos  milhões de reais para gastar em publicidade.

No pensamento desse grupo, educar o povo não interessa. Afinal é preferível deixa-lo no limbo do analfabetismo funcional. As escolas podem ficar como estão. A educação de qualidade, com professores bem formados e valorizados, é obrigação do Governo. Ele, governo, que se vire. O que interessa é usar os recursos destinados à educação para enriquecimento próprio. Para isso, “é preferível o BBB a um bom ensino”.
“Vida de gado. Povo marcado eh! Povo feliz”.
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*Jornalista – Professor Universitário – Pós-Graduado em Docência no Ensino Superior


O PT ou se renova ou se mediocriza de vez


16/08/2015
      Reza um mito antigo da cultura mediterânea que, de tempos em tempos, a águia, obsevando em seu corpo sinais de envelhecimento, fraqueza dos olhos penetrantes, e flacidez das garras se propunha renovar-se totalmente. Assim fazia também a fênix egípcia que aceitava morrer para voltar rejuvenescida para nova vida. Qual era a estratégia da águia? Punha-se a voar cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas se incendiavam e ela toda começava a arder. Quando chegava a este ponto extremo, ela se precipitava do céu e se lançava qual flecha nas águas frias do lago. O fogo nela se apagava.
E então ocorria a grande transformação. Através desta experiência de fogo e de água, a velha águia voltava a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude.
Queremos aplicar este mito ao PT metido numa crise crucial que o obriga a renovar-se como a águia ou aceitar o lento envelhecimento até perder todo o vigor vital e a capacidade de renovação da sociedade, como era seu sonho primordial.
Para entender melhor esse relato e aplicá-lo ao PT precisamos revisitar o filósofo Gaston Bachelard e o psicanalista C. G. Jung que entendiam muito de mitos e de seu sentido profundo. Segundo eles, fogo e água são opostos. Mas quando unidos, se fazem poderosos símbolos de transformação.
fogo simboliza a consciência, o vigor e a determinação de abrir caminhos novos. A água, ao contrário, representa as forças do inconsciente, as dimensões do cuidado e a capacidade de entender o sentido secreto das crises.
Passar pelo fogo e pela água significa, portanto, integrar em si os opostos: a determinação com a descoberta do sentido real das crises. Elas acontecem para purificar, limpar de todo tipo de agregado e deixar aparecer o essencial. Ninguém ao passar pelo fogo ou pela água permanece intocado. Ou sucumbe ou se transfigura, porque a água lava e o fogo purifica.
A água nos faz pensar também nas grandes enchentes como conhecemos em 2011 nas cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro. Com sua força tudo carregaram, especialmente o que não tinha consistência e solidez. Numa única noite morreram 903 pessoas e 32 mil ficaram desabrigadas. Foi um cataclismo de ressonância mundial. É o poder invencível da água.
O fogo nos faz imaginar o cadinho ou as fornalhas que queimam e acrisolam tudo o que é ganga e que não é essencial. O ouro e a prata passam por esse processo purificador do fogo.
São notórias as crises existenciais. Ao fazermos esta travessia pela “noite escura e medonha”, como dizem os mestres espirituais, deixamos aflorar nosso eu profundo sem as ilusões do ego superficial. Então amadurecemos para aquilo que é em nós autenticamente humano e verdadeiro. Quem recebe o batismo de fogo e de água rejuvenesce como a águia do mito antigo.
Mas existem também as crises maiores, de todo um projeto e mesmo de todo um partido como o PT. Ele tem que assumir a verdade: teve muitos acertos que beneficiaram milhões que viviam na pobreza e na marginalidade. Mas também cometeu erros evitáveis: deixou-se tomar pelo “demônio” do poder como fim em si mesmo quando deve ser sempre meio. Houve vergonhosa corrupção de pessoas importantes que destruíram o sonho de toda uma multidão que acreditava e se esforçava para viver o novo factível.
Mas abstraindo das metáforas e indo diretamente ao conteúdo real: que significa concretamente para o PT rejuvenescer-se como a águia? Significa entregar à morte tudo o que de errado praticou e que impede o sonho de despertar.
O velho no PT são os hábitos e as atitudes da velha política que servia de instrumento para crescer e perpetuar-se no poder. Com isso perdeu o sentido originário do poder como meio de transformação em benefício das grandes maiorias e jamais como fim em si mesmo. Tudo isso deve ser entregue à morte para o PT poder inaugurar uma forma de relação com os verdadeiros portadores do poder que é o povo e os movimentos sociais.
Rejuvenescer-se como águia significa também desprender-se de convicções enrijecidas, de certa arrogância de representar o melhor caminho e de alimentar a pretensão de estar sempre certo. Muitos dirigentes continuam manejando conceitos ultrapassados, incapazes de oferecer respostas novas à crise que devasta os países centrais e agora nos atinge poderosamente. Rejunecer-se como águia significa ter coragem para recomeçar e estar sempre aberto a escutar, a aprender e a revisar.
Mas não é isso que está ocrrendo. Até hoje esperamos uma revisão sincera e o reconhecimento público de seus erros. Seus líderes imaginam que assim fazendo, dão armas aos adversários, quando mostrariam ser mais fiéis mais à verdade do que à própria imagem.
O PT que se apresentava como uma águia de alto voo, corre o risco de se transformar em galinha comum que apenas cisca o chão e faz voos rasteiros. Não é esse o destino que a história lhe quer reservar.
Por último, se o PT quiser se renovar como uma águia deve regressar ao seio do povo. Este lhe dará belos exemplos de luta, de trabalho, de inteireza ética e também duras lições. Essa imersão é salvadora e renovadora como foi para a águia o arder em fogo e o mergulhar nas águas frias. Só assim pôde se rejuvenescer. Para o PT isso não é uma metáfora mas um desafio.
Leonardo Boff é colunista do JB on line e escritor

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Se os movimentos sociais e os trabalhadores não tomarem posição a vaca vai pro brejo

Se os movimentos sociais e os trabalhadores não tomarem posição a vaca vai pro brejo

*Trajano jardim

A prisão de Zé Dirceu decretada pelo Imperador Sérgio Moro, Primeiro e Único da republiqueta de Curitiba, é o marco  da ofensiva da direita, apoiada pela mídia reacionária e com o suporte do setor da Polícia Federal e do Ministério Público remanescentes da ditadura militar e das ideias colonialistas desse país patrimonialista e oligárquico. Dessa sociedade lídima representante Casa Grande.
Não há o propósito de defender qualquer ato de corrupção. Somos, por princípio, que o crime de corrupção deve ser combatido em todas as suas formas, desde que não haja privilégios e seja garantido o direito constitucional da presunção da inocência.
Os setores de esquerda, o movimento sindical, os partidos ditos de esquerda, principalmente o PT, a maioria dos intelectuais progressistas, estão na posição descrita no poema de Eduardo Alves da Costa, um poeta e dramaturgo carioca, que há 40 anos escreveu um texto que se transformou em um hino na luta contra a ditadura militar, no Brasil. Chama-se “No Caminho, com Maiakóviski” e que muita gente pensa que seja do maior poeta russo contemporâneo.
Na primeira parte do poema de Eduardo diz:

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. 
E não dizemos nada. 
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, 
e não dizemos nada. 
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
 rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. 
E já não podemos dizer nada.”

Francamente não há explicação para o mutismo em que se encontra a maioria democrata e progressista da sociedade, neste instante em que o setor mais reacionário do país, os mesmos defensores das políticas patrimonialistas e oligárquicas e entreguistas, que sempre dominaram e oprimiram o povo e os trabalhadores.
Se todos nós, que fomos para à luta para acabar com o arbítrio colocando a nossa vida em risco e por aqueles que foram trucidados pela violência, muitos que não tiveram se quer, o direito de ser sepultado, não levantarmos a nossa voz, com certeza a VACA VAI PRO BREJO COM CORDA E TUDO!


*Jornalista Profissional – Professor Universitário

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Altamiro Borges: Dirceu e o show judicial-midiático

Agosto, "o mês do cachorro louco", começou com ferocidade. A midiática prisão do ex-ministro José Dirceu, na manhã desta segunda-feira (3), mostra que o período será de intensa turbulência política. O Tribunal de Contas da União (TCU), apesar de estar mais sujo do que pau de galinheiro, deverá se pronunciar sobre as contas do governo Dilma em 2014.

Por Altamiro Borges*, em seu blog


Adriano Vizoni/ Folha
"A prisão de José Dirceu reanima os fascistas mirins e os setores da mídia envolvidos na onda de desestabilização do governo"."A prisão de José Dirceu reanima os fascistas mirins e os setores da mídia envolvidos na onda de desestabilização do governo".
Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dará o seu veredito sobre os gastos de campanha pela reeleição da petista. E a Operação Lava-Jato, que une suspeitos agentes da Polícia Federal e do Ministério Público, seguirá produzindo seus factoides. Toda esta orquestração ajuda a incendiar o clima para as marchas golpistas convocadas para 16 de agosto.

Como festejou o jornalista-corvo da Folha, Igor Gielow, "a prisão de José Dirceu recoloca o PT na mira da Operação Lava Jato". Em julho, os holofotes do show judicial-midiático tinham sido desviados para Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal e um dos principais inimigos do governo federal e do PT. O envolvimento do lobista no escândalo de corrupção da Petrobras deixou desnorteado até os líderes dos protestos golpistas, que contavam com Eduardo Cunha para acelerar o processo de impeachment contra Dilma. A prisão de José Dirceu reanima os fascistas mirins e os setores da mídia envolvidos na onda de desestabilização do governo.

Igor Gielow, que não esconde seu ódio ao chamado lulopetismo, aposta na prisão do ex-ministro para desgastar ainda mais a presidenta. "Dirceu é um símbolo do PT. É chamado até hoje, depois de ter sido condenado e preso no mensalão, de 'guerreiro do povo brasileiro' por militantes em encontros... Mesmo que diga que tudo isso é problema do partido, o Palácio do Planalto tem vários motivos para se preocupar. As operações de Dirceu se deram quando ele não estava mais no governo, mas sua influência e trânsito nas gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff poderá ser demonstrada".

Sem dar um minuto de trégua, a oposição midiático-partidário segue na ofensiva. Mesmo que o golpe do impeachment não vingue - por temor do caos econômicos e da convulsão social -, ela vai obtendo importantes vitórias na tática de "sangrar" Dilma e "matar" Lula. Tudo é feito para desgastar o atual governo, deixando-o acuado e desnorteado, e para satanizar a principal líder da esquerda brasileira. Ao anunciar a prisão de José Dirceu, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima não vacilou em citar o ex-presidente, afirmou que seu governo "deu início ao esquema de corrupção na estatal".

O roteiro do show judicial-midiático já está traçado. O triste é que o Palácio do Planalto parece que ainda não se deu conta que o seu tempo está acabando!

*Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé e secretário Nacional de Mídia do PCdoB.
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