terça-feira, 25 de novembro de 2014



Política
Editorial
As mãos sujas
Que Deus ouça a presidenta Dilma, mas o fenômeno é o de sempre
por Mino Carta — publicado 21/11/2014 05:57
ernando Henrique, 
Admitia um parlamentar do Partido Democrata-Cristão da Itália, envolvido na célebre Operação Mãos Limpas: “Os partidos são máquinas de caça-níqueis”. A frase será certamente muito apreciada por todos aqueles que enxergam nos políticos em geral outros tantos ladrões. Nem por isso vale em todas as circunstâncias, embora em parte não destoasse quando foi pronunciada e tampouco destoe no Brasil de hoje.
Pretende-se semelhança entre a nossa Operação Lava Jato e a Operação Mãos Limpas dos começos dos anos 90. Ambas visam devassar e condenar esquemas corruptos, mas há mais diferenças do que parecenças. Aquelas, de saída. Tanto a Mãos Limpas quanto a Lava Jato resultam de uma investigação inicial a respeito de fato e personagens de porte miúdo. Tampas pequenas para panelões ferventes.
As duas operações apresentam os rostos de figuras centrais, o PM Antonio Di Pietro e o juiz Sergio Moro. Na Itália, o grande inquisidor Di Pietro foi logo secundado por um pool de juízes e a operação levou à cadeia mais de mil cidadãos, atingidos ao cabo por condenações inflexíveis e amiúde longas. Políticos e empresários. Alguns destes mataram-se antes de ser presos. O político que dominara por dez anos, o líder socialista e primeiro-ministro Bettino Craxi, condenado a oito anos de cárcere, fugiu para a Tunísia, a salvo da extradição.
A comparação entre o PT e o PCI exibe outra diferença. Ao contrário daquele, a se revelar igual a todos os demais partidos brasileiros, não houve condições de provar que políticos comunistas de qualquer escalão tivessem embolsado um único, escasso tostão, conquanto não fossem isentados de meticulosas investigações.
O desfecho da Mãos Limpas foi a implosão da Primeira República, nascida no imediato pós-Guerra. Nem sempre este gênero de terremoto produz bons resultados, além do ataque à corrupção, eficaz de saída. No vazio de poder que se seguiu, ao vir à luz a Segunda República, instalou-se um predador clownesco chamado Silvio Berlusconi, enquanto o PCI mudava de nome, chamuscava a sua identidade e se perdia em disputas internas.
Eis aí uma lição que seria oportuno aproveitar: a antipolítica sempre deságua em desastre. Em nome da negação da política, tida como origem de todos os males e de todas as mazelas, as ideologias chamadas a nutrir o debate responsável são abandonadas em proveito do desarme da consciência. Ou, por outra, da promoção da ignorância, do preconceito, do equívoco. No Brasil, um pensamento antipolítico leva ao fortalecimento da casa-grande e incentiva a mídia nativa no seu esforço de despolitização de quantos a leem ou ouvem.
Aonde nos conduz a Operação Lava Jato não é fácil prever. Creio que o juiz Moro queira apenas e tão somente fazer justiça e creio que esta venha a ser aplicada com todo o rigor. Tenho outra certeza: este processo vai confirmar o pecado capital da política à brasileira, cometido desde sempre. Gostaria, portanto, que outros fatos a enodoar o passado da política brasileira viessem à tona, inclusive os ocorridos em tempos recentes, antes da primeira vitória de Lula.
Pois então, em um arroubo de pacata ilusão, proponho: chamemos o tão falante Fernando Henrique Cardoso, erguido no alto de livros que ninguém leu, para que explique como se deu a privatização das Comunicações, a maior bandalheira da história do Brasil. Ou de como foi feliz na compra de votos para conseguir a sua reeleição. Ou de que maneira foram enterrados os casos Sivam e Pasta Rosa. Nesta terra pretensamente abençoada por Deus, uma multidão implora pelo definitivo triunfo da moral, com M grande, e não se incomoda com quem inaugurou a transgressão. A maioria, por viver no limbo, alguns por hipocrisia.
Se a Operação Lava Jato cumprisse o cauteloso vaticínio da presidenta Dilma, ao imaginá-la capaz de provocar uma mudança positiva nos hábitos políticos do País (e eu gostaria se também fossem comportamentais para a sociedade em peso), que bem venha. Até para impedir, daqui para a frente, que somente pobres e petistas sigam para a cadeia.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O STF ABSOLVE O “CAIXA DOIS”

Por Trajano Jardim*
Com a conclusão da Ação Penal 470, o Supremo Tribunal Federal, na maioria dos casos, atropelou normas jurídicas internacionais. Não chega a ser novidade. Ao longo da história, o STF cometeu muitas violações para satisfazer os interesses dos senhores da “casa grande” contra a maioria da “senzala”.

Uma das mais significativas castrações de direitos, coletivos e individuais, ocorreu em 1946, quando a corte cassou o mandato dos constituintes eleitos pelo Partido Comunista Brasileiro. Dentre eles, o senador Luís Carlos Prestes.

Outra violação de direitos perpetrada pelo STF foi em 1964. O Supremo, representado pelo seu presidente à época, chancelou a posse de Ranieri Mazzilli na trágica noite do golpe militar, quando o presidente João Goulart ainda se encontrava em território nacional. Assim, a suprema corte, que tinha sob sua responsabilidade defender a Carta Magna, ainda vigente, fazia-se avalista de sua ruptura.

Vários dos eminentes ministros do STF, no curso do julgamento da Ação Penal 470, que a grande mídia (em revanche contra as derrotas eleitorais sofridas nos últimos 12 anos), achou por bem chamar de “mensalão”, têm declarado que “este é o maior escândalo de corrupção havido no Brasil”. Para alguns deles, chegou a abalar a República.

RECORDAR É VIVER

Parece certo quando se diz que o Brasil é um país sem memória. Pelo visto os supremos juízes da nossa suprema corte, também as têm. Em 1997, surgiram gravações de escutas telefônicas com fortes evidências de que havia um esquema para compra de votos de deputados arregimentados por Sérgio Motta, o Serjão, então ministro das Comunicações.

A Folha de S.Paulo, apesar de defensora do governo do PSDB, foi o primeiro veículo a apontar o escândalo. E na sequência de reportagens, o jornal criou um “selo” com a frase: “Reeleição comprada?” para ilustrar o assunto. Faziam parte do esquema, os governadores Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM) e dois deputados, João Maia, egresso do PT e Ronivon Santiago, ambos do PFL, integravam o projeto.

Na  edição de maio de 1997, a Folha de S. Paulo,  publicou extensa matéria com transcrição da gravação de uma conversa na qual os Deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre, confessavam ao repórter Fernando Rodrigues, ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que instituía a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. Naquele momento a emenda já havia sido aprovada na Câmara dos Deputados e aguardava a votação no Senado.

Assim, podemos concluir que os votos proferidos pelos ministros do STF na Ação 470, ou são peças de retórica para satisfazer a imprensa julgadora, ou eles não conhecem a história política do Brasil. O que não parece ser o caso.

A CULTURA DA CORRUPÇÃO NO BRASIL

Apesar do liberalismo defendido pelas elites brasileiras, o Estado sempre interveio para proteger o setor exportador, principalmente os cafeicultores, os socorrendo com recursos públicos, quando o valor das exportações se desvalorizava. Na República Velha, dois estados tiveram a liderança política: São Paulo e Minas Gerais.

Em 1891, é promulgada a primeira Constituição republicana, inspirada na Constituição norte-americana. Nela se estabelecia o federalismo e o presidencialismo como princípios norteadores do regime republicano. Esse período foi dirigido principalmente pelas oligarquias paulista e mineira, ligadas ao  setor agroexportador, representado pelos cafeicultores paulistas que constituía o setor mais dinâmico da economia brasileira.

Transportando o problema da corrupção à nossa época podemos lembrar, em poucas palavras, o que dizia o ministro Romildo de Souza, corregedor geral do TSE, sobre o processo eleitoral de 1989/1990 “O modo como o abuso econômico pode afetar a moralidade do processo eleitoral sofistica-se a cada dia. No passado este abuso acontecia no varejo: os candidatos e seus amigos procuravam, de forma individualizada, influir no processo”.

Para o corregedor Romildo, nas campanhas mais recentes a forma de corrupção do poder econômico e de comprometimento do processo eleitoral, é menor em face de outras formas mais sofisticadas, como o emprego da televisão e meios rápidos de transportes, movimentam grandes somas que corrompem a lisura do processo.

A banalização do uso do caixa 2 como forma de burlar o grande número de impostos e taxas aos quais os brasileiros são submetidos, faz dessa prática um hábito incrustrado na sociedade em todos os seus seguimentos. É reconhecido que o cenário político é o extrato social do país em que essa prática aparece com mais força.

A cada campanha política os escândalos se sucedem envolvendo políticos. As chamadas “doações” de empresários para candidatos e organizações partidárias, não são inocentes, são na verdade subornos, para beneficiar candidatos com potencial eleitoral. É a partir desse fenômeno que se inicia as relações escusas que, de há muito, é do conhecimento do judiciário, conforme constatação do ministro Romildo de Souza.

Em uma decisão política, onde prevaleceu à pressão midiática, o STF preteriu o processo da Ação Penal 536, que envolve políticos do PSDB, cujo relator, coincidentemente, é o ministro Joaquim Barbosa, e optou por julgar o processo relativo à base do governo Lula. A partir desta opção e pela tese defendida abertamente pelo relator de "flexibilização de provas", pode-se dizer que a opção do STF foi de não enfrentar de frente o problema do “caixa dois”.

A condenação da política do Caixa 2, pelo STF,  levaria a corte a, forçosamente, propor a reforma política, com a instituição do financiamento público de campanha, que tem sido defendido, de há muito, pelas forças progressistas, para inibir a corrupção,  os favores eleitorais e as “vendas” por altas quantias do “tempo de televisão”.

Parece que as pressões midiáticas e das elites dominantes, levaram os nossos ministros do STF a optar pela luta de egos entre eles a dar fim ao lodaçal da política brasileira que envolve os partidos e políticos de “cabo a rabo”.  Muito mais cômodo se voltar para os holofotes da mídia e  encaminhar a acusação em sentido contrário a tese da defesa dos réus e absolver a prática que envolve todo o parlamento.

Assim, por obra e graça do STF, a praga do “caixa 2” vai continuar serelepe pulando num pé só feito saci-pereré gozando da cara do leitor. Enquanto isso, a tese do “domínio do fato” do senhor Barbosa vai alimentando as ânsias golpistas da “casa-grande” contra a presidente Dilma.

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Jornalista Profissional/Professor Universitário


sexta-feira, 21 de novembro de 2014


 Artigo publicado na folha de s.paulo, na SEXTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2014
RICARDO SEMLER
TENDÊNCIAS/DEBATES

Nunca se roubou tão pouco

Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país
Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.
Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.
Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos "cochons des dix pour cent", os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.
Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão --cem vezes mais do que o caso Petrobras-- pelos empresários?
Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?
Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.
Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.
É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.
Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.
Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.
A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.
O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.
É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.
A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.
Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.
Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?
Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.
O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

    terça-feira, 18 de novembro de 2014

    Sinepe-DF é condenado por litigância de má-fé

    18/11/2014

    A Primeira Seção Especializada do TRT 10ª Região julgou, na tarde desta terça-feira (23),  embargos de declaração impetrado pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal (Sinepe-DF).
    A Corte conheceu em parte os embargos de declaração, rejeitou a preliminar de nulidade e, no mérito, negou-lhe provimento. Foi aplicado ao Sinepe-DF multa por litigância de má-fé e multa por uso de embargos manifestamente protelatórios, além de ter sido determinado que a OAB seja oficiada para fins disciplinares pertinentes.
    Entenda o caso
    No dia 23 de outubro deste ano a  Primeira Seção Especializada do TRT 10ª Região julgou dissídio coletivo ajuizado pelo Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal (Sinproep-DF) em face do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal (Sinepe-DF).
    Na ocasião os magistrados fixaram 12% de reajuste e recompensação de perdas salariais para toda a categoria, a ser calculado sobre os salários do período de maio de 2013 a abril de 2014. E mais 11% desde maio de 2014 a abril de 2015.
    Os pisos salariais sofreram alavancagem de 20% para os professores da Educação Infantil e do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e 10% para os professores do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Fundamental de Jovens e Adultos.
    Foi determinado que os valores deveriam ser pagos corrigidos, no máximo em seis parcelas consecutivas. Observadas as compensações em relação aos profissionais que já receberam aumentos voluntários das escolas.
    No julgamento ficou definido ainda o pagamento de duas horas semanais para remunerar as atividades desenvolvidas fora da sala de aula, conhecidas como “horas de atividade”. E os professores irão receber também, a título indenizatório (abono salarial ou participação nos lucros e resultados), duas parcelas anuais de 6% do salário: a primeira ainda em 2014, e a segunda em 2015.
    Processo nº 0000268-02-2013.5.10.0000 (PJe-JT)
    (Aline Rodriguez/RC)
    Matéria informativa, sem cunho oficial. Permitida reprodução mediante citação da fonte. Núcleo de Comunicação Social - TRT 10ª Região – DF e Tocantins. Tel. (61) 3348-1321/imprensa@trt10.jus.br

    quinta-feira, 13 de novembro de 2014

    Saiu no Blog do Kennedy:

    ‘SE PRESIDIR CÂMARA, ENGAVETO REGULAÇÃO DA MÍDIA’


    Revelação de acusados na Lava Jato não pode paralisar Congresso em 2015, diz líder do PMDB


    ISABELA HORTA

    Brasília


    O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), diz que, se eleito presidente da Câmara dos Deputados, vai colocar “na gaveta” o projeto de regulação da mídia que a presidente Dilma Rousseff pretende elaborar.


    “Regulação de mídia jamais. Eu colocaria na gaveta. Não faz parte do meu propósito. Eu sou muito claro, transparente para que todos saibam que eu eleito presidente da Câmara não darei curso a um projeto de regulação de mídia”, afirma Cunha.


    O líder do PMDB avalia que a futura revelação dos nomes de deputados e senadores acusados nas delações premiadas da Operação Lava Jato não afetará o funcionamento da Congresso. “Da minha parte não travará. Eu acho que tem de funcionar como prevê a Constituição, o regimento da Câmara e, provavelmente, do Senado.”


    Segundo ele, será inevitável a instalação de uma nova CPI no Congresso para investigar a corrupção na Petrobras. “Não há condições políticas da gente dizer que não apoiará. Claro que temos de apoiar. Efetivamente, essa investigação foi interrompida por fatos supervenientes a ela.”


    Cunha diz que advogados do ex-diretor de Abastecimento e Refino Paulo Roberto Costa lhe disseram que ele não foi citado na delação premiado, contrariando relato da revista “IstoÉ”. “Foi uma citação vaga de uma revista, que tinha outras citações vagas, e que efetivamente mandaram me desmentir. [...] Mandei meus advogados consultarem. Não houve citação do Paulo Roberto. O que também não teria nenhum problema de ter citação, porque citação não implicaria ter nenhum comprometimento.”


    A respeito da disputa pela presidência da Câmara, ele diz que os deputados não aceitariam a eleição de um petista nem do rodízio acordado entre PT e PMDB. “A Casa não vê com bons olhos, a sua maioria, que o PT, já que está no Poder Executivo, comande o Poder Legislativo. E não dá pra nós, PT e PMDB, mesmo que nós concordássemos em fazer um acordo de divisão, de rodízio, a Casa não aceitaria.”


    Cunha rebate as críticas de que seria um adversário do Palácio do Planalto. “Em primeiro lugar, eu não sou inimigo do governo. Em segundo lugar, quanto a presidente gosta ou deixa de gostar [de mim], eu nunca ouvi falar.” Ele afirma que “não quer ser submisso ao governo nem quer ser candidatura de oposição” em uma eventual disputa pela presidência da Câmara.


    Para o deputado, a relação de Dilma com o Congresso Nacional será mais difícil a partir de 2015. “Na medida em que você tem uma divisão maior e uma oposição mais aguerrida, é claro que a Casa ficará mais difícil no seu dia-a-dia. Então, é importante que se lide através do diálogo, que a própria presidente propôs.”


    Eduardo Cunha considera “um absurdo” os pedidos de impeachment que circulam nas redes sociais. “Nós não podemos fazer um segundo turno eleitoral praticamente duas semanas depois das eleições. Não dá pra gente querer, como se diz, ganhar com gol de mão depois que o resultado acabou.”


    Cunha afirma ser favorável a PEC da Bengala, proposta de emenda à Constituição que amplia de 70 para 75 anos a idade limite para aposentadoria compulsória dos magistrados. “São pessoas que estão na sua plenitude intelectual. Expectativa de vida de 70 anos, quando foi feito isso na constituição de 88, hoje é completamente diferente.”

    PINGUE-PONGUE

    GETÚLIO VARGAS: É um ícone do trabalhismo e de uma certa parte da história brasileira.

    JUSCELINO KUBITSCHEK: É um empreendedor. Ele tem o espírito do empreendedorismo.

    JÂNIO QUADROS: Na política, tem algumas coisas que a gente deve evitar e alguns princípios, pelo menos os originais, a vassoura, aquelas coisas todas daqueles princípios, são princípios bons.

    JOÃO GOULART: É a antítese de algumas coisas. Foi justamente aquilo que acabou levando ao que nós não queríamos que acontecesse nesse momento da história. Então, não como pessoa, mas aquele comportamento político dele naquele momento foi um comportamento que acabou levando o país a convulsão que levou.

    DITADURA MILITAR DE 64: Totalmente absurda. É uma coisa que a história tem que mostrar bem para que isso nunca mais se repita.

    TANCREDO NEVES: Era um conciliador. E, naquele período que se estava justamente saindo da ditadura militar, era pessoa certa para exercer a conciliação.

    SARNEY: Tem um papel de muita relevância na história porque acabou conduzindo aquilo que era o papel que o Tancredo tinha. Ele promoveu a Constituinte, a Reforma Partidária. É o da abertura.

    FERNANDO COLLOR: Ali ele pecou porque vinha numa eleição solteira. Pelo fato de ser uma eleição solteira, ainda não existia muito o conceito de marketing, ele soube aproveitar bem e não governou com os princípios que o levaram a se eleger.

    ITAMAR FRANCO: Veio depois do impeachment e conseguiu pelo menos manter o país até a próxima eleição. Então, ele cumpriu aquilo que o destino acabou lhe reservando.

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO: Promoveu a estabilidade da economia. Era um perfil conciliador também. E, por esse perfil conciliador, ele conseguiu contemporizar o Itamar. Começou um plano dentro do governo Itamar. Teve muitos acertos em seu governo e teve muitos erros também.

    LULA: É um brasileiro que é o exemplo daquilo que você pode ter de ascensão de classe social e de mudança de vida, de uma esperança de um povo daqueles que não tiveram oportunidade de chegar a um estágio de estudo, a um estágio de acesso a renda. Ele governou para os mais pobres. É um exemplo do ponto de vista daquilo que ele começou a fazer, daquilo que ele continuou a fazer.

    DILMA ROUSSEFF: É a presidente da República que foi efetivamente a sucessora de um processo colocado pelo PT. Claro que uma origem diferenciada. É uma pessoa que, de uma certa forma, ela vem de um sofrimento de um processo de ditadura militar. Ela é um exemplo de sobrevivência. É uma pessoa extremamente capacitada. Ela tem seus méritos. [...] Ela ainda está terminando sua história de exercício. Tem que deixar mais… O Lula, o segundo mandato dele foi muito melhor que o primeiro. O Fernando Henrique, o segundo mandato dele foi muito pior. Tem de esperar o segundo mandato dela para você ter uma conceituação definitiva do que pode ser.

    REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: Sim.

    CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA: Não. Quero deixar isso bem claro. Não quero ficar como homofóbico. Sim, desde que com a liberdade de direito de culto.

    DESCRIMINALIZAÇÃO DO USO DA MACONHA: Não.

    AMPLIAÇÃO DO DIREITO AO ABORTO: Aborto nunca.

    MANTER A LEGISLAÇÃO COMO ESTÁ? Piorando e agravando a pena para médicos que são açougueiros.


    Eleita deputada federal, Luiza Erundina fala, em entrevista à Brasileiros, sobre suas discordâncias com o PSB e a luta por uma ampla reforma política no País

          
    Publicada em 10 de novembro de 2014
    Por Luiza Villaméa
    Foto: Rodrigo Capote/TREMA

                                    Luiza Erundina fala com Brasileiros em seu escritório, em São Paulo. 

    Uma das fundadoras do PT, a deputada reeleita Luiza Erundina (PSB-SP) pouco participou da própria campanha. Convocada por seu atual partido, ela atuou na coordenação da campanha de Marina Silva à Presidência, onde passou por momentos delicados. “Eu não concordava com grande parte das posições da Marina, como na questão LGBT, no direito ao aborto, na revisão da Lei da Anistia”, lembra a deputada. “Emergi na campanha. Decidi não falar com jornalistas. Expor a divergência pela imprensa não seria leal com ela, com o partido e com o processo.”

    Divergências com o próprio partido começaram a surgir no segundo turno, devido à forma como foi articulado o apoio ao candidato Aécio Neves (PSDB). Poucos dias depois, Erundina saiu de uma reunião do PSB denunciando “a farsa” montada para afastar do comando do partido um socialista histórico, Roberto Amaral, que se alinhou com Dilma Rousseff (PT). Conhecida pela crítica aguda às mazelas da política, a deputada analisou o cenário geral e concluiu que todo o sistema político está exaurido.

    Aos 80 anos, Erundina revela disposição para, mais uma vez, arregaçar as mangas e continuar na luta: “A saída é fazer uma reforma política de fundo. Tem que ser uma reforma do Estado, não apenas dos partidos, do processo eleitoral. Um processo que também reveja a relação entre os poderes.” O primeiro passo já foi dado. Ela é subscritora de um projeto que prevê a realização de plebiscito para convocar uma assembleia nacional constituinte para modificar o sistema político.

    Brasileiros – Como foi ver o PSB apoiar a candidatura Aécio Neves?
    Luiza Erundina: Fiquei frustrada. A maior lição que tirei dessas eleições é que o nosso sistema político-eleitoral-partidário está falido. A democracia brasileira não vai suportar mais uma eleição sob as regras que estão postas há muitos anos. Elas não se alteram, a não ser em um ou outro aspecto superficial. Não se mexe, por exemplo, no financiamento das campanhas. É por aí que passa o caixa 2, a corrupção deslavada, a desigualdade na disputa pelo poder. Quem tem muito dinheiro e não tem escrúpulo consegue se reeleger sempre. E muito bem. Os que tiveram mais votos foram aqueles que não honram a representação.

    Em Estados específicos?
    De forma generalizada. Basta verificar o quadro de eleitos e reeleitos para constatar, sem dúvida nenhuma, a piora da qualidade da representação no Congresso, sobretudo na Câmara.

     É o Congresso mais conservador desde 1964.
    Certamente. Estou no Congresso há 15 anos, na quarta legislatura, partindo para a quinta. Piora a cada legislatura. Caiu a qualidade das propostas e temas colocados em debate. As questões nacionais não têm vez. Discutem questões locais, pontuais, por conta da péssima qualidade dos eleitos e da ausência de uma presença real de partidos, de coletivos. E política é resultado de uma ação coletiva. Isso explica o grito nas ruas em 2013, dizendo que os políticos não os representavam.

    O Congresso seria reflexo de uma sociedade mais conservadora?

    Grande parte da sociedade, da população excluída, é desinformada. A sociedade ressente de educação política, por culpa dos próprios partidos. No passado, o PT, o primeiro partido que pertenci, que ajudei a fundar, cuidava da formação política de seus de seus militantes. Essa deveria ser uma função permanente dos partidos.

    Isso acontecia no centro de formação do PT, na cidade de Cajamar, em São Paulo.
    O centro ainda existe, mas está terceirizado. É um local de seminários, de encontros. Não tem a função original. Hoje, nem o PT nem nenhum outro partido cuida da formação política de seus quadros. A educação também não supre essa falta. Por isso, os jovens se afastam. Têm ojeriza à política, por desinformação. É preciso também qualificar o voto. Como dizia o Brecht (o dramaturgo alemão Bertolt Brecht), quem não discute nem se envolve com política é um analfabeto político. Pode ser um pós-graduado, um doutor, mas é um ignorante político. Na sociedade brasileira, há uma cultura arraigada de negar a política, de dizer que é para oportunistas, para corruptos.

    Como ficou a bancada vinculada aos direitos humanos?

    Perdemos muita gente atuante, comprometida historicamente com os direitos humanos. Um deles é Nilmário Miranda, do PT de Minas. Foi ele quem criou, há 20 anos, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Minha expectativa não é nada otimista. Vamos ter muita dificuldade para fazer o enfrentamento como antes, por conta da presença de pessoas comprometidas com o atraso, o conservadorismo, a homofobia, a rejeição aos direitos das mulheres. Vai ser um Congresso muito atrasado, de conflito permanente.

    Alguns candidatos que não se elegeram tiveram votação expressiva. Outros receberam menos votos e vão para o Congresso.
    É o sistema proporcional. Tem de mudar. Todo o sistema está exaurido. Não expressa as mudanças do País nos últimos 25 anos, que é o tempo de vigência da nova Constituição. Um ano antes de cada eleição, a Câmara mexe em algum aspecto pontual, secundário. Em geral, as mudanças não são para melhorar o processo. São para facilitar para os candidatos. É assim com a prestação de contas e com o financiamento de campanha. Continuam admitindo a convivência entre o financiamento público e o de empresas. E empresa não vota. Votam cidadãos, cidadãs. Outro exemplo é a propaganda eleitoral. De uma eleição para outra, eles procuram tirar as exigências, à luz de interesses próprios.

    E os partidos?

    Hoje, temos 33 partidos, 22 com assento na Câmara. Com o resultado dessas eleições, vai passar para 28. Fizeram 28 bancadas de diferentes partidos, mas a ação é corporativa. É o caso dos evangélicos. São parlamentares de diferentes partidos, que compõem uma grande bancada e atuam unidos. Os empresários de mídia também têm representantes no Congresso. A composição das comissões permanentes reflete o interesse dos financiadores de campanha. Tiram, portanto, a independência, a autonomia e a soberania dos mandatos.

    Qual a saída?

    Fazer uma reforma política de fundo, para alterar as normas de organização partidária. Tem que ser uma reforma do Estado, não apenas dos partidos, do processo eleitoral. Um processo que reveja a relação entre os poderes. Há uma distorção na relação entre os poderes legislativo, executivo e judiciário. O executivo, que deveria só executar, legisla por meio de medidas provisórias. A maioria das matérias aprovadas no Congresso não é iniciativa de parlamentares. Tudo é medida provisória, com prazos regimentais rigorosos, que não permitem uma discussão aprofundada sobre os temas. O poder legislativo não legisla. Muitas vezes, quem vai substituir o legislativo para promover uma decisão urgente é o judiciário.

    É a judicialização da política.
    Exatamente, como ocorreu com a questão da cláusula de barreira. O Congresso não deliberou sobre ela. Quem deliberou foi o judiciário, com uma resolução. E a cláusula de barreira é aquela que prevê um percentual mínimo de desempenho em uma determinada eleição para o partido se manter regularmente, com todos os direitos de participar do processo político.

    Envolve também acesso a verbas?
    Também. Envolve o Fundo Partidário. Tem uma série de restrições ao partido que não atinja um limite mínimo de percentual de votos em uma dada eleição. Isso o judiciário retirou.

     Em algum momento a senhora teve vontade de jogar a toalha?

    Sou muito resistente. Na minha região, quem sobrevive aos três primeiros anos de vida, que é a maioria do povo, adquire uma capacidade de resistência que não deixa nada no meio do caminho. A luta que se perde é aquela que não se conclui. Na política, a luta é um processo. Não tem começo, meio e fim. Pode até ter começo, mas é um processo permanente, que se estende por gerações. É a concepção da utopia, que não se consegue em um tempo de vida, por mais longa que ela seja. É algo tão grande, tão fascinante, tão mobilizador, que se desdobra nas outras gerações. Continua sendo um fator de mudança. Então, eu não desanimo nunca. E vivi uma situação muito difícil no primeiro turno.

    Como foi?

    Era candidata à reeleição como deputada federal, mas fiz campanha muito pouco tempo. Foi minha equipe, que é muito dedicada, muito generosa, que supriu a minha ausência. Tive de coordenar uma campanha nacional de 40, 45 dias, depois que Eduardo morreu e Marina assumiu a cabeça de chapa. Houve uma crise interna no PSB quando Carlos Siqueira abandonou a coordenação da campanha. Na ausência do Eduardo, o vice (Roberto Amaral) assumiu a presidência do partido, mas estava isolado. Roberto me disse: “Se você não ajudar nessa travessia, o partido vai ter muito problema”. Fiquei sem opção e respondi: “Vamos juntos, vamos tentar ajudar”. O pior é que eu não concordava com grande parte das posições da Marina.

    Em que pontos não concordava?
    Os direitos humanos, a questão do LGBT, o direito das mulheres à sua liberdade e ao uso de seu corpo, a questão do aborto, a questão da Lei da Anistia. A Marina tinha se manifestado contrária à revisão da Lei da Anistia, contrária a causas pelas quais luto em todos os meus mandatos. Expor a divergência pela imprensa não seria leal com ela, com o partido e com o processo. Então, eu emergi na campanha. Por isso, por critério meu mesmo, não falava com a imprensa. Como iria atender a imprensa se eu não concordava com várias posições da Marina?

    Teve o episódio de mudança no programa de governo após quatro tuitadas do pastor Malafaia. A senhora acompanhou de perto?
    Acompanhei. O programa teve muito problema, até a descontinuidade do processo. Marina não era candidata a presidente e estava muito confortável na condição de vice. Tinha uma relação muito boa com o Eduardo, mas era ele quem demarcava as questões mais polêmicas. O programa não sofreu alteração depois da morte de Eduardo. Foi um compromisso que a Marina assumiu com o partido de preservar o programa e as alianças que ele tinha feito.

    O que aconteceu então?

    O programa estava sendo administrado por dois companheiros. Um era do PSB, o Maurício Rands. A outra, Neca Setubal, da Rede. Marina queria que o programa saísse rápido e fizeram uns arranjos de última hora. Por descuido, colocaram a proposta original do movimento LGBT, que havia sido negociada em outros termos. Não correspondia ao que tinha sido combinado.

    E aí?
    Depois de um primeiro momento de euforia, todo mundo achando avançadíssimo, foi feita a mudança para a versão que tinha sido acordada. Ficou a versão de que Marina tinha recuado por conta de pressão do setor evangélico. Não foi isso que aconteceu.

    Porque a senhora decidiu não participar da campanha no segundo turno?
    No primeiro turno, nós fizemos uma campanha com um discurso de mudança e de quebra da polarização entre o PT e o PSDB. Dissemos que a polarização era antidemocrática e comprometia a sucessão do poder. Além disso, a política de alianças foi heterodoxa. Podia fazer aliança com o PT em um Estado, com o PSDB em outro. Minha proposta de liberação do voto dos filiados e simpatizantes foi derrotada na reunião da Executiva Nacional. Não era neutralidade. Era cada um decidir, a seu critério, sem que o partido deliberasse como instituição. À medida em que o partido apoia um polo, está reeditando a polarização.

    Depois disso, a senhora preferiu não integrar a nova Executiva Nacional do PSB. Como foi?

    Teve muito desencontro nesse processo. O Roberto Amaral, um socialista histórico, um dos fundadores do PSB, é um homem respeitável, um intelectual, e foi tratado da forma mais desrespeitosa. Ele tinha a prerrogativa de convocar o diretório para eleger o presidente e fez isso antes do final do primeiro turno. O PSB de Pernambuco assumiu o compromisso de apoiar Roberto na cabeça de chapa desde que ele concordasse em adiar a reunião para depois do primeiro turno.

    O que aconteceu?
    Não deu outra. Com a força política conquistada no primeiro turno, em vez de fazer a votação com a composição antes definida, eles trouxeram uma nova executiva, com outro nome para presidente do partido. Eu me neguei a participar da farsa. Dias antes, eu já não tinha concordado com o apoio a Aécio. Tudo bem, pois a maioria tinha aceitado. Só que o apoio estava condicionado a compromissos dele com pontos do programa. Imaginava-se que, depois da reunião da Executiva Nacional, haveria uma conversa com o candidato sobre esses pontos.

    Não foi assim?
    Mal terminou a reunião, Aécio entrou no recinto para receber o apoio. Já estava tudo acertado. Não teve compromisso com programa coisa nenhuma. Isso me irritou profundamente. Glauber Braga (deputado federal pelo PSB-RJ) e eu nos retiramos, para não coonestar com aquela forma de conduzir o processo. Roberto, que ainda era o presidente, foi muito digno. Como era o presidente, permaneceu até o final da reunião e inclusive recebeu o Aécio.

    O que foi mais difícil? Conviver com Marina ou com o PSB?

    Foi mais difícil conviver não com a Marina, mas com o grupo dela. É um grupo bastante heterogêneo, em termos de experiência política. É um movimento. Não é um partido. Antes da tragédia com Eduardo, Carlos Siqueira estava na coordenação geral da campanha. Depois que Eduardo morreu e a Marina assumiu, a condição que impuseram é que o comando da campanha deveria ser bipartido. No comando geral, éramos eu e o Walter Feldman.

    Duplo comando é complicado.
    E o duplo comando valia para todas as funções. Era um da Rede e outro do PSB. Imagine isso com a dinâmica de uma campanha que só teve cerca de 40 dias. Outro detalhe é que todo o material da campanha de Eduardo estava pronto. Foram toneladas de material jogado fora. Tivemos que começar tudo de novo. Então, foi uma campanha atípica, depois de uma tragédia, com dois grupos que nunca conviveram juntos. Foi muito difícil.

    O PSB tem chance de recomposição?

    Acredito que sim. Acho que vai levar um tempo, porque o mandato da executiva é de três anos. E eles substituíram os quadros principais do comando do partido. Ficaram sequelas muito fortes. Lá dentro, tem também uma disputa poderosa de poder.

    A senhora continua no partido?
    Sim, a menos que, em determinado momento, eu esteja totalmente incompatibilizada. Não fiquei na executiva, mas estou no diretório.

    Como a senhora analisou o segundo turno, o confronto direto dos dois candidatos?
    Lamentável. Foi um prejuízo para as novas gerações. Política não é isso. A disputa do poder tem que se dar em um nível de civilidade, de respeito mútuo e da opinião pública. Não pode estar se esfacelando, se agredindo da forma como se fez. Foi algo deprimente, que reforça a atitude de rejeição à política e aos políticos.

    Não se discutiu projetos.
    Não tinha nem tem espaço para isso. Mesmo quando se abria uma brecha para discutir um tema, terminava voltando para o embate, para a destruição um do outro. Eram coisas que não deveriam ser pauta de uma discussão pública de dois candidatos que pretendem governar o País. Foi algo que deprime, que afasta quem já não tem apelo pela política. E confirma que nós temos que rever o sistema político-eleitoral- partidário.

    Fazer a reforma política.
    Reforma política estrutural, sistêmica, do Estado brasileiro, para rever as competências e as relações de harmonia e de equilíbrio entre os poderes, o pacto federativo na distribuição de poder entre as três esferas, o processo eleitoral, o espaço na mídia, o tempo de televisão. Esse tempo é um bem público. As empresas são contempladas com isenção de tributos para que os candidatos disponham desse tempo. Não é gratuito. É o povo que paga.

    Falando em mídia, como a senhora vê o papel da grande imprensa nessas eleições?
    É um partido. Elegeu candidatos. Interferiu no processo. Se comportou sempre no sentido de beneficiar uma das candidaturas, tanto no primeiro como no segundo turno.

    A senhora apoia um projeto de lei, de iniciativa popular, que prevê a regulação da mídia. Como é esse projeto?
    O primeiro ponto diz respeito às regras de concessão. A outorga para operar um canal de televisão é de 15 anos e não existe nenhum mecanismo de controle sobre o cumprimento da legislação que rege a concessão. Rádio são dez anos. Essas concessões se renovam automaticamente. Na Comissão de Ciências e Tecnologia, Comunicação e Informática, que trata desse tema, tentei algumas vezes aprovar requerimento para fazer uma audiência pública com o concessionário, o órgão do governo e a sociedade civil. É preciso aferir o desempenho da emissora. Isso não acontece. Já foram feitas três concessões. Cada uma de 15 anos. São 45 anos de concessão de emissoras como a Globo, a Record e a Bandeirantes.

    Boa parte das emissoras pertence a políticos. O projeto prevê mudança nesse ponto?

    O artigo 54 da Constituição proíbe. Detentor de cargo público, de mandado popular e quem tem emprego público não pode ser detentor de concessão. Mas eles encontram uma brecha, com a conivência do órgão executivo responsável pela política de comunicação. Vários senadores são detentores de outorgas e de concessões, como também vários deputados. E eles são os membros da comissão que delibera sobre essas questões. Percebe os vícios?

    Para esse projeto entrar em vigor, precisa ser aprovado pelo Congresso. Com a atual composição, nunca vai ser aprovado.
    Estão sendo coletadas assinaturas pelo FNDC, o Fórum Nacional pela Democratização das Comunicação. Quando completar 1,3 milhão de assinaturas, ele vai ser apresentado, com uma pressão forte da sociedade. A Lei da Ficha Limpa foi uma iniciativa popular. Só foi aprovada porque entrou em votação em ano eleitoral. Mesmo aqueles que eram contra não tiveram como se opor. Hoje, é uma lei muito importante, embora o judiciário encontre formas de protelar, de não punir, de não cassar. De qualquer forma, é uma conquista da cidadania.

    Só funciona sob pressão?
    Sempre. Já existe uma proposta de plebiscito para a convocação de uma assembleia nacional constituinte para modificar o sistema político. São mais de oito milhões de assinaturas. Entramos com um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). Sou subescritora do projeto, assim como o Renato Simões (PT-SP). Estamos coletando outras assinaturas para que a Câmara aprove esse PDL ainda este ano. Se for aprovado, vai para o Senado. A sociedade está ativa. Criou dois mil comitês no País inteiro.

    Como anda o projeto que a senhora apresentou, prevendo mudanças na Lei da Anistia?
    Deveria ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça e ir para a votação em plenário. Mas a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional avocou para si manifestar-se sobre o projeto. Era um pretexto para derrotá-lo. E conseguiu. Agora o projeto vai para a Comissão de Constituição e Justiça, a única que tem a prerrogativa para se posicionar a respeito dessa matéria. É um projeto de 2011, antes da criação da Comissão Nacional da Verdade.

    Que vai divulgar o relatório final em breve.
    A montanha pariu um rato.

    Como?
    Não vai revelar os criminosos, até por causa da Lei da Anistia. Os que torturaram, estupraram e mataram também estão anistiados. Meu projeto é exatamente para tirar do benefício da anistia aqueles que cometeram crime de lesa-humanidade. Crimes dessa natureza não podem ser perdoados nunca. A Corte Interamericana de Direitos Humanos já condenou o Brasil a rever a Lei da Anistia. Perguntei a Pedro Dallari, que é o presidente da Comissão Nacional da Verdade, se o relatório trataria dessa questão. Ele disse que certamente, mas não sei os termos desse certamente. Isso não significa que vamos desistir da luta.

    Quais os seus planos para 2015?
    Vou estreitar mais ainda a relação do meu mandato com os movimentos. Presido a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. Mais de 100 entidades nacionais integram essa frente. Presido também a Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular, que tem mais de 50 entidades. Coordeno a Comissão Memória, Verdade e Justiça da Câmara, em torno dos crimes da ditadura. Fizemos um intenso trabalho, contribuindo com a Comissão Nacional da Verdade.

    Algo mais?
    Atuo ainda na questão da economia solidária, do microcrédito. Lamentavelmente, não fomos ouvidos por Dilma, nem antes de ela assumir. O Brasil já tem 130 Bancos do Povo, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento de pequenos municípios, gerando renda. Em vez de fazer apenas o Bolsa Família, que é uma ajuda assistencial do Estado, poderia se acoplar uma política de geração de trabalho e renda, através do microcrédito do Banco do Povo. Na Constituição de 1988 há um dispositivo que ainda não foi regulamentado. Tenho um projeto de lei regulamentando o microcrédito, mas a área econômica do governo não deixa que seja votado e aprovado. Então, em 2015 não vai faltar trabalho.

    quarta-feira, 12 de novembro de 2014

    Ódio: ataques a Prestes e Niemeyer !

    Ódio: ataques a
    Prestes e Niemeyer !



      Em Porto Alegre … Em Porto Alegre … Onde isso vai parar ?                                  Do Blog Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim                                                       Texto e fotos de Edson Carlos Ferreira dos Santos, do Instituto Olga Benário Prestes:

      Registrei as imagens abaixo no sábado em Porto Alegre, quando ocorreu manifestação de um grupo de militantes Neo nazistas com palavras de ordem e faixas agressivas a Democracia.


      Esses manifestantes, como poderá observar nas fotos e imagens, tinham claro e manifesto desejo de agredir a história do Luiz Carlos Prestes. Os cartazes, com dizeres anticomunista, para além de atacarem a figura lendária e patriótica de um herói do povo brasileiro, reconhecido mundialmente, também atacaram outros lideres, brasileiro e latino Americano, como Lula e Fidel. A junção de um conjunto de palavras de ordem, denotam o nítido sentido de inconformismo em relação ao resultado eleitoral nas eleições brasileira. As ameaças contra o “foro de São Paulo” pelo seu significado, consagra o teor fascista de intolerância contra qualquer outra forma de manifestação política que seja diferente dos ideários que professam os agressores.


      A ameaça também manifesta, de por abaixo a obra do reconhecido arquiteto comunista Oscar Niemeyer, o MEMORIAL PRESTES , não pode passar despercebida. É grave por tratar-se de uma obra única no mundo e a última que ele, em vida participou.


      Pelo que  significou e significa  a luta e a história de PRESTES E NIEMEYER em defesa das liberdades e da melhoria de vida dos trabalhadores e de todo povo brasileiro e mundial, contamos com a divulgação desse triste episódio que coloca em risco a democracia e a liberdade de expressão.


      segunda-feira, 10 de novembro de 2014

      Abuso sexual de suplente de senador

      Foto: Fernando C. Vieira/Grupo CEEE
      Com a eleição ao governo do Distrito Federal em outubro, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) terá como substituto no Senado Federal o seu suplente, Hélio da Silva Lima, figura conhecida no submundo da política pelo apelido Hélio “Gambiarra”. Sindicalista e ex-dirigente do PT, hoje é filiado ao PSD. Hélio “Gambiarra” foi acusado em 2010, pelo próprio Rollemberg, de abusar sexualmente de uma sobrinha. Durante a campanha Rodrigo foi contestado pelo seu adversário e negou que existisse tal processo contra Hélio.

      Uma pesquisa feita no site da Justiça comprovou que o processo existe e corre em segredo de justiça. Abaixo publicamos as últimas movimentações do processo.

      Seria bom que Rolemberg antes de assumir a cadeira no Buriti se explicasse com os seus eleitores sobre o assunto.

      Caso se interesse pelo assunto, faça alguma coisa, em prol da melhoria da qualidade do Senado Federal.

      Veja essas matérias:

      http://www.diariodopoder.com.br/estados/distrito-federal/acusado-de-abuso-sexual-pode-virar-senador-2/


      http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/substituto-de-rodrigo-rollemberg-recebeu-apenas-seis-votos-neste-ano  


      http://blogdocidadaobrasileiro.blogspot.com.br/2014/06/helio-gambiarra-psd-acusado-de-abuso.html#.VFpzFPnF9qU 



      http://www.imparesonline.com.br/2014/09/escandalo-suplente-de-senador-acusado.html


      http://joaquimroriz.blogspot.com.br/2010/08/helio-lima-pt-acusa-rodrigo-rollemberg.html 





      DENÚNCIA
      Circunscrição : 1 - BRASILIA
      Processo : 2011.01.1.121318-4
      Vara : 305 -
      REU : H.J.S.L.
      Oferecida em : 03/04/2014
      Recebida em : 10/04/2014
      Denúncia : art. 217-A, caput (3 vezes) do Codigo Penal
      INCIDÊNCIA PENAL
      Circunscrição : 1 - BRASILIA
      Processo : 2011.01.1.121318-4
      Vara : 305 - QUINTA VARA CRIMINAL DE BRASILIA
      REU : H.J.S.L.
      Incidência Penal : art. 217-A, caput do Codigo Penal c/c art. 5º, caput, Inc. II da Lei Maria da Penha; 
      Parte superior do formulário
      Parte inferior do formulário
      PARTES

      Circunscrição : 1 - BRASILIA
      Processo : 2011.01.1.121318-4
      Vara : 305 - QUINTA VARA CRIMINAL DE BRASILIA

      AUTOR : M.P.
      Advogado : NAO CONSTA ADVOGADO

      REU : H.J.S.L.
      Advogado : CELIO FIGUEIREDO DE MIRANDA E SILVA

      INTERESSADA : P.
      Advogado : ALEX HENRIQUE DA COSTA MAGALHAES



      PAUTA PUBLICAÇÃO

      Circunscrição : 1 - BRASILIA
      Processo : 2011.01.1.121318-4
      Vara : 305 - QUINTA VARA CRIMINAL DE BRASILIA

      A Pauta foi disponibilizada no DJ-E em 06/08/2014 às folhas 1013.

      A Pauta foi disponibilizada no DJ-E em 15/07/2014 às folhas 932.

      MOVIMENTAÇÃO DOS MANDADOS



      Circunscrição : 1 - BRASILIA
      Processo : 2011.01.1.121318-4
      Vara : 305 - QUINTA VARA CRIMINAL DE BRASILIA

      Data do Andamento : 14/05/2014
      Andamento : 415 REMESSA DO MANDADO AO CARTORIO
      Complemento : Fone(s) : Terça-Feira e Quinta-Feira das 13:00h ás 15:00h na Sala dos Oficiais de Justiça

      Data do Andamento : 14/05/2014
      Andamento : 210 MANDADO DEVOLVIDO A CENTRAL DE MANDADOS CUMPRIDO COM FINALIDADE ATINGIDA
      Complemento : 3442491 14052014 Fone(s) : Terça-Feira e Quinta-Feira das 13:00h ás 15:00h na Sala dos Oficiais de Justiça
      Nr. Mandado : 3442491

      Data do Andamento : 06/05/2014
      Andamento : 209 MANDADO DISTRIBUIDO AO OFICIAL
      Complemento : 433 06052014 GERALDO BARBOSA Fone(s) : 9901-6880 Terça-Feira e Quinta-Feira das 13:00h ás 15:00h na Sala dos Oficiais de Justiça


      RECURSO EXTRAORDINARIO

      Orgão :
      Serviço de Recursos Constitucionais, ()
      Processo :
      RSE 2011 01 1 121318-4
      0033274-97.2011.807.0001 (Res.65 - CNJ)
      Classe :
      Recurso em Sentido Estrito
      Assunto :
      Contra a dignidade sexual - Título alterado pela Lei 12.015/2009, Atentado Violento ao Pudor

      Origem :
      QUINTA VARA CRIMINAL DE BRASILIA - 20110111213184 - ACAO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINARIO - IP 334/2011
      Recorrente(s) :
      M.P.D.F.T.
      Advogado :

      Recorrido(s) :
      H.J.S.L.
      Advogado :
      DF026011 - ALEX HENRIQUE C. MAGALHÃES E OUTRO(S)
      Relator :
      Des. JOSÉ GUILHERME
      Andamentos
      Data/Hora
      Andamento


      30/10/2014 14:41:33


      Recurso: Recurso Extraordinário

      Recorrente(s): M.P.D.F.T.

      Recorrido(s): H.J.S.L.
      29/10/2014 17:18:48

      Observação: 3ª TURMA CRIMINAL
      28/10/2014 18:09:52

      Destinatário: SERVICO DE RECURSOS CONSTITUCIONAIS, REPERCUSSAO GERAL E RECURSOS REPETITIVOS - SERER

      1 Recurso(s) Extraordinário(s)
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